Cap. 7 - Você está presa!


Lícia.
Tomei café, conversei um pouco com minha mãe, chequei o estoque de remédios dela para ver se estava devidamente abastecido e me preparei para ir à biblioteca.
-- Você quase não para mais em casa... O que anda fazendo?
-- Tentando pegar neblina com a mão, mãe... – Disse meio distante.
-- Como assim? – Ela pareceu confusa.
-- Deixa pra lá. Outra hora eu te explico... Tô trabalhando, OK?
-- OK. – Minha mãe era, às vezes, tão compreensiva. Olhei para ela com todo carinho do mundo. Ela estava com olheiras e parecia tão cansada.
-- A senhora não anda dormindo direito, né mãe? – A abracei.
-- Ah... Tô bem.
-- Não está não! É a dor? – Afaguei seus cabelos.
-- Vai trabalhar, vai!
Eu já a conhecia. Quando fugia do assunto, era porque não queria dizer a verdade. Dei um beijo no alto da sua cabeça e prometi que não chegaria muito tarde àquela noite.
O tempo lá fora estava meio nublado, mas era normal essa época do ano. Outono, faltando poucas semanas para o começo do inverno. Vesti minha jaqueta, tão zoada por alguns, mas tão amada por mim e fui de carro até a biblioteca Britânica.
Onde eu encontraria aquela mulher? Ela podia estar em todo lugar, assim como aquela névoa. Em qual noite e em que horário ela apareceria? Ela roubaria de novo após um roubo tão comentado, ou ela sumiria por um tempo?
Xinguei alguns motoristas que estavam bloqueando a passagem e estacionei entre aquelas tantas pessoas que iam e vinham apressadas. Milhares de turistas e londrinos se misturavam no enorme campus. Será que ela estava ali, entre aqueles tantos rostos desconhecidos? Fiquei observando algumas mulheres e imaginei como Mist seria.
Aquele lugar era imenso! Dava pra ser perder ali facilmente. Antes que eu me confundisse toda com aqueles inúmeros corredores, perguntei a recepcionista onde eu poderia encontrar a sessão de jornais antigos. Ela apontou uma salinha lá no fundo, atrás do corredor W, onde eu encontraria vários computadores. Agradeci e caminhei rumo ao local indicado.
Fui namorando cada cantinho daquele lugar esplendido, até me aproximar dos arquivos e perceber que havia uma única pessoa dentro da sala. Uma mulher com cabelos lisos, porém rebeldes, vestindo um sobretudo branco de couro. Senti uma pontada de inveja e tentei dar uma ajeitada no meu casaco surrado. Ela estava de lado, mas eu pude perceber que seus olhos estavam fixos na tela do computador como se sua vida dependesse do que ela estava lendo. Continuei caminhando sem desviar o olhar daquela moça tão bonita quando, de repente, ela se virou para mim e me encarou.
Foi um choque. Pensei que eu fosse ser eletrocutada por aqueles olhos frios e firmes. Senti meu corpo todo tremer! Sua boca era grande e seus lábios estavam bem avermelhados devido ao batom escarlate que ela usava. Continuei caminhando, tentando lembrar onde eu já tinha visto aquele rosto antes, mas meus pensamentos estavam meio dormentes. Graças a Deus ela desviou a atenção para o computador como se nada tivesse acontecido. Mas afinal, o que aconteceu, não é mesmo? Respirei fundo e me sentei a umas três cadeiras de distância. Liguei o computador, mas eu me sentia meio zonza. Eu mal conseguia me lembrar do por que eu estava ali. Fechei os olhos e tentei organizar os pensamentos.
Mamãe. Dinheiro. Era isso! Eu estava ali para descobrir algo sobre Mist!
Uma hora havia se passo e a única coisa que eu descobrira até agora era que a primeira notícia sobre o caso tinha sido publicada a dez anos atrás. O tempo foi passando e por mais que eu tentasse me concentrar, acabava olhando escondido para a mulher ao lado, que permanecia afundada em sua leitura. De onde eu estava só dava pra ver suas costas e seu cabelo esvoaçado.
‘‘Quem era aquela mulher? Onde eu a tinha visto? E o que ela estava lendo que estava tão afundada assim?’’
Balancei a cabeça e me concentrei na minha pesquisa.
Uma brisa entrou na sala fazendo com que seu perfume me atingisse. Inalei aquele aroma forte e amadeirado, daqueles que grudam até na alma. Minha cabeça rodou e eu decidi que aquilo era a gota d’água! Por algum motivo ainda desconhecido, eu não iria muito mais longe naquele dia. Fechei os arquivos que estavam abertos e prometi a mim mesma que eu voltaria na próxima semana quando não houvesse nenhuma distração por perto.
Eu estava tão ansiosa para sair daquele lugar que não conseguir evitar a trombada feia que dei na mulher a minha frente.
Nossas coisas se espalharam pelo chão e eu, rapidamente, me abaixei para recolhê-las.
-- Me desculpa!
Aparentemente ela também teve o mesmo impulso que eu, pois nos abaixamos juntas. Nossas mãos se tocaram quando ambas fomos em direção a sua caneta, e eu senti outro choque atravessando o meu corpo.
-- Desculpa. – Repeti enquanto ela afastava a sua mão de perto da minha.
A mulher tão desastrada quanto eu não se desculpou nenhuma vez ou deu sinal de que iria fazê-lo. Levantei o olhar para encarar aquele ser mal educado e... Caramba.
Não consegui raciocinar o suficiente para dizer alguma outra coisa. Só me levantei e fiquei que nem uma retardada olhando para ela! Agora eu sabia de onde eu a conhecia. É claro! A moça no posto de gasolina daquele dia em que eu voltava pra casa de madrugada. Como eu podia ter esquecido esse olhar que me marcou tão profundamente durante aquela noite fria? Ela me entregou um dos jornais que ela recolhera do chão, mas antes deu uma rápida olhada na manchete estampada. ‘‘A névoa aparece novamente em Londres. ’’
Fiquei meio desconcertada, então limpei a garganta antes de também lhe entregar seus papeis.
-- Moça... Hm... Seus papeis.
Ela me encarou de uma forma absurdamente astuta! Era como se seus olhos estivessem em chamas. Por qual motivo eu não sabia, mas ela parecia perigosa. De perto sua boca parecia ainda mais vermelha e eu mordisquei meus lábios. Poxa, aquilo tremendo dentro de mim era vontade ou medo? Mas não tive tempo de descobrir essa incógnita. Ela pegou os papeis da minha mão e com muita elegância os colocou dentro da sua pasta ainda sem dizer uma palavrinha sequer. Será que ela era muda?
Assim que ela ergueu os olhos para me encarar mais uma vez, quase caí pra trás. Pela sua expressão quase mortal, imaginei que ela fosse me matar disparando algum raio laser dos olhos.
-- Obrigada. – Ela se limitou a dizer.
Como eu ainda continuava em um estado catatônico e abobalhado, a mulher a minha frente tentou falar comigo mais uma vez.
-- Então você está estudando algo sobre névoa? Você estuda meteorologia?
Sua voz era firme e meio rude. Áspero.
Meteorolo o que? Caramba! Eu precisava raciocinar.
-- Não... – Foi o que consegui responder naquele momento.
-- Entendo... – Ela sorriu como se achasse algo engraçado. Decidida a parar de pagar mico na frente da moça, limpei a garganta e falei.
-- Estou estudando sobre roubos...
-- Roubos?
-- É...
-- E o que uma névoa tem a ver com roubos? – Ela pareceu levemente irônica.
-- An... A névoa, nada! Mas uma ladra com o codinome Mist tem tudo a ver!
-- Hum... – Sua expressão ficou ainda mais fechada. Ela continuou me olhando como se fosse devorar minha alma.
-- Você já deve ter ouvido falar dela. Vezes ou outras o seu nome é citado no jornal. Por isso estou aqui lendo esses antigos.
Agora que eu tinha retomado o controle das minhas próprias palavras, percebi que eu estava ansiosa para ter uma conversa com aquele ser que parecia estar sofrendo com algum tipo de dor física.
-- Devo ter lido algo sobre em algum momento. – Ela empinou o queixo ao dizer. Eu ein, qual o problema desse ser?
-- Então...
-- Você é policial? – Ela me cortou.
-- Não! Deus me livre de ser daquela laia novamente.
-- Então não entendi. Você está ou não procurando essa ladra?
-- Estou! Mas não sou policial. Apesar de que estou trabalhando com a polícia. – Disse isso mais para mim do que para ela.
Ela continuou me observando com aquele olhar que eu não entendi até agora, mas, sinceramente, me fazia arrepiar até os ossos.
-- Confuso.
Sem dizer mais nada. Nem um tchau ou adeus, ela me deu as costas, organizando suas coisas dentro de uma bolsa prestes a partir. Mas, estranhamente, eu não queria que ela fosse embora.
-- Eu sou detetive particular, mas já trabalhei na polícia por um tempo atrás. Essa tal Mist, aparentemente, participou de um roubo grande nos últimos dias e agora a vítima está oferecendo uma recompensa para quem capturá-la.
Por que eu estava me explicando?
-- E você está atrás da recompensa... – Será que ela era amargurada ou simplesmente cruel?
-- Também... – Ela permanecia de costas. Enfiei as mãos no bolso por não saber o que fazer com elas. – Mas a polícia me contratou para ajudá-los.
-- Entendo. Alguma sorte até agora?
Disse ela se virando e me fitando com aqueles olhos que mais pareciam dois lasers.
-- Não. Na verdade nenhuma ainda. – Disse engolindo seco.
-- Por acaso esse tal crime não tem algo a ver com o roubo na casa de um desses políticos corruptos? Li algo sobre no jornal da semana passada. – Disse ela como se cuspisse na minha cara essa informação.
-- É... – Pelo visto, além de bonita, ela era informada.
-- Então... Se ele rouba a sociedade, ela foi lá e lhe deu o troco.
-- Um erro não justifica o outro.
Ela sorriu de um jeito sarcástico.
-- Bom... Boa sorte, detetive!
Dizendo isso, ela caminhou rumo à saída da biblioteca a passos rápidos, deixando apenas aquele perfume diabólico de tão bom no ar. Não tive tempo de tomar nenhuma atitude e muito menos de perguntar o seu nome.
Permaneci parada no mesmo lugar. Sem entender o que tinha acabado de acontecer ali.
Assim que consegui me lembrar de como andar com os próprios pés, fui para casa pensando em suas últimas palavras. De fato, o dinheiro que o Sr. Collens havia desviado da sociedade poderia comprar, pelo menos, uns cinco colares iguais ao roubado na sua mansão. Mas, moralismo a parte, não era meu trabalho julgar o que era certo ou errado. Eu necessitava de grana para salvar minha mãe e, para conseguir o dinheiro, eu precisava de Mist. Isso era tudo o que importava.
Problemas a parte, fui dormir com o olhar daquela mulher da biblioteca na minha cabeça.


Anita.

Depois que sai da biblioteca fiquei do lado de fora, parada entre as sombras, esperando Lícia sair de dentro do prédio.

Droga! Bem que John tinha me avisado! Eles realmente colocaram a tal detetive atrás de mim. Mas a pergunta que não queria calar aqui dentro era, por que logo ela? Aquele ser intrigante, de olhos difíceis de decifrar e com um corpo tão atrativo. Não! Eu não podia pensar daquele jeito. Chutei para longe uma garrafa que estava próxima ao meu pé. Eu estava possessa de raiva! Todo o meu sangue borbulhava e eu tremia. Quem era ela? Eu precisava descobrir a fundo. Eu precisava focar no perigo que ela me representava, e não nos seus atributos físicos. Eu não conseguia entender o porquê eu tinha ficado daquele jeito. Eu já estive com outras mulheres antes em minha vida. Mas, talvez aquilo tudo fosse apenas o meu instinto de sobrevivência gritando alto.

É! Era isso! Não havia dúvidas.

Pelo menos eu consegui ser seca com ela. Ótimo. Eu ainda estava em vantagem. Confusa, mas em vantagem.

Consegui perceber o momento exato em que ela colocou os pés para fora da biblioteca. A partir daquele momento, eu poderia encontra-la facilmente no meio da multidão. Observei o instante em que ela cruzou os braços se protegendo da chuva naquela jaqueta ridícula de tão fina, e atravessou a rua rumo ao seu carro.

Não me deu tempo nem mesmo de chamar um táxi para segui-la. Me xinguei mentalmente por não ter vindo de carro e foquei em memorizar o modelo do seu carro. Ela possuía uma BMW 2005. Como uma mulher que anda com uma jaqueta de couro horrível daquela tem uma BMW? Tudo bem que o veículo era quase popular devido a sua data de fabricação, mas ela precisava dar um jeito naquele casaco, ou acabaria morrendo de hipotermia qualquer dia.

Balancei a cabeça incrédula com meus pensamentos! Era só o que me faltava. Anita Jensen estava preocupada com a saúde da mulher que venderia sua cabeça. Decidi pegar o metrô, pois a minha cabeça estava muito movimentada com a chegada tão repentina daquela estranha. Tentei limpar meus pensamentos para que pudesse voltar ao trabalho assim que chegasse em casa.

Já afundada até o pescoço pela agua da banheira, repassei mentalmente os fatos mais importantes que eu tinha descoberto naquele dia. Eduard Brave tinha sido assassinado dois meses depois de o seu artigo ser publicado no jornal local. Aquilo não era coincidência. Eu sabia! Ainda mais depois de ver aquelas marcas gravadas em suas mãos. Seu amigo, o fotografo Chris Wings, repetira as mesmas palavras que Bob, o dono do bar na Itália, havia me falado uma vez. A máfia está em todo lugar e eles são perigosos. Você não vai querer se trombar com eles. Apesar do medo que começava a me invadir conforme eu ia descobrindo coisas novas, a minha resposta seria sempre a mesma. A máfia tinha mexido comigo primeiro. Fechei os olhos e procurei relaxar. Tentei focar minha atenção em cada pingo de chuva que caía lá fora.

Abri os olhos assustada e percebi que eu estava no terraço do meu apartamento. Uma fina garoa encharcava o meu corpo, mas eu não me importava. O vento batia forte sob minha pele, entretanto, foi um cheiro cítrico e sensual que me fez estremecer inteira. Não precisei me virar para perceber o inevitável, ela tinha me encontrado! Meu coração disparou dentro do peito. Durante toda aquela tarde eu acreditei que tivesse sido mais esperta ao observá-la de longe, mas, aparentemente, quem havia me seguido era ela.

Lícia me encarava como se pudesse ver muito além do meu físico. Era quase como se ela pudesse enxergar minha alma. Apesar de estar tremendo por dentro, firmei minha postura e empinei o maxilar. Ela podia vir com a força que quisesse, pois eu estava pronta para lutar. A mulher continuou me encarando enquanto caminhava lentamente em minha direção.

-- Então você é a famosa Mist...

Continuei calada. Apenas a encarando.

-- Foi difícil encontrar você, sabia?

-- Deve ser por que você não é tão boa quanto dizem.

-- Pode ser. – Ela riu irônica. – Mas fui boa o suficiente pra te achar.

Eu precisava aceitar a verdade, ela tinha conseguido o impossível. Chegar até mim. E eu não sabia se deveria me sentir apavorada ou fascinada com seu desempenho.

-- Parabéns! Tenho certeza que você vai torrar todo o prêmio em alguma praia.

O que eu estava dizendo? Pela primeira vez não consegui formular nenhuma resposta rápida e ácida o suficiente.

-- Eu não quero praia, Anita.

Droga. Ela sabia o meu nome!

Lícia deu um passo em minha direção e, por susto e puro reflexo, eu dei um pulo para trás.

-- Ah, sim... É claro! Talvez você vá comprar uma jaqueta nova, certo? A sua já está quase caindo em pedaços...

-- Também não quero uma nova jaqueta.

Sua voz era tão firma quanto o seu olhar enquanto ela dava outro passo à frente. Eu não tinha para onde fugir. Um passo a mais e eu despencaria por vinte andares. O limite era ali. Observei o precipício atrás das minhas costas e quando me virei para encará-la, percebi que, de repente, ela estava com o rosto colado no meu. Nossos olhos se prenderam um ao outro. Meu coração estava tão acelerado que eu me perguntei se ela seria capaz de ouvi-lo com aquela proximidade. Eu precisava sair dali o quanto antes, ou eu perderia tudo. Perderia a mim mesma.

-- O que você quer então, Lícia?

Tentei dizer seu nome de modo firme, para que ela soubesse que não era somente ela quem estava atualizada. Eu também estava por dentro de quem era Lícia Riley. Mas, por incrível que pareça, ela não se intimidou. Apenas se aproximou ainda mais de mim. Aspirou meu perfume mirou minha boca. 

-- Meu Deus! O que estava acontecendo? Mais insano do que toda a situação em si, era o meu desejo de que ela diminuísse a distância entre nossos rostos e me beijasse. Aquilo era loucura! – Senti o ar quente da sua respiração e aquilo causou uma erupção enorme dentro de mim. Como se fosse capaz de ler meus pensamentos, ela se aproximou e grudou seus lábios nos meus de forma tímida. Eu não me afastei e talvez tal atitude fez com que Lícia tomasse coragem o suficiente para colar seu corpo de forma intensa contra o meu. Ouvi um trovão ecoando em algum ponto distante, mas, na verdade, aquele estrondo fora apenas tudo dentro de mim se rachando gradativamente com aquele toque.

Ela pausou o beijo apenas para dizer em um tom intenso:

-- Quero você!

Depois disso, percebi que estávamos em meu quarto, sem que eu me lembrasse de como fomos parar ali. Eu a empurrava contra as paredes e ela me empurrava de volta. Uma briga feroz onde uma tentava dominar a outra. Seus lábios eram doces e intensos. Sua língua explorava cada canto da minha boca.

De maneira selvagem, tentei tirar aquela jaqueta horrorosa dela. Joguei a peça em qualquer lugar da casa, nós nos preocuparíamos com isso mais tarde. Empurrei Lícia contra a cama e, sem deixar tempo para que ela revidasse, sentei no seu colo lhe arrancando o resto das roupas. Ela mordiscou meu pescoço enquanto me despia e eu fechei os olhos para poder sentir ainda mais o seu toque. Rebolei em cima dela e soltei um gemido de prazer no instante em que ela sugou meu seio esquerdo. Agarrei seus cabelos por trás da nuca, puxando-a para mais perto.

Eu que sempre me orgulhei de ter total domínio sobre minhas emoções, estava perdendo todo o controle. Lícia me jogou no colchão e escalou meu corpo. Prendeu minhas mãos acima da cabeça e distribuiu mordidinhas pelo meu pescoço.

Eu estava ansiosa para que ela descesse ainda mais a boca quando ela parou o que estava fazendo.
Abri os olhos e a encarei sem entender. O que ela queria? Me enlouquecer? Lícia sorriu pra mim com aqueles dentes brancos e a boca vermelha. Um sorriso sacana de quem está tramando algo.
Lícia me beijou uma última vez, me distraindo enquanto algemava minhas mãos na cabeceira da cama. Eu não tive tempo nem de me perguntar de onde surgiram tais algemas.

Senti o sangue esvair do meu corpo devido ao pânico que tomou conta de mim.

-- Anita Jensen, você está presa!

Acordei suada e com a respiração acelerada. Tudo não passara de um pesadelo.
Sentei na cama, assustada e olhei para os lados procurando algum sinal de Lícia. Alisei meus pulsos só pra me certificar de que não havia algema nenhuma presa neles. Ela não estava ali e nunca estivera. Eu simplesmente estava com a mente sobrecarregada demais e apaguei assim que saí do banho.  

Eu estava salva dentro do meu apartamento. Segura das garras daquela mulher.
Mas aquele sonho fora tão real. Ela tinha me encontrado! Sabia quem eu era, onde morava e o que eu estava fazendo! E se ela realmente soubesse da verdade? Tremi só de pensar.
Não consegui mais dormir naquela noite. Pior do que o medo que dominava todo o meu ser, era perceber que, apesar de tudo, aquele sonho tinha bagunçado totalmente com os meus sentimentos e a minha libido.


                                                                    



Cap. 6                                                                                                                                           Cap. 8




2 comentários:

  1. Boa noite, Jessy!
    Tudo legal ?
    Deixando um recado pra vc saber q tô lendo e continua gostando da estória ..esperando com ânsia o capítulo 7.
    Linda páscoa e um belo começo de semana!
    Beijos

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    1. Oi Laii, muitoooo obrigadaaa pelos comentários e força, viu?? Fazem uma diferença enorme pra mim!!!!

      Espero que gost dos próximos cap!!! <3

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