A intocável e poderosa socialite Anita Jensen, esconde um segredo. Ainda na infância assistiu seus pais serem brutalmente assassinados por uma máfia do submundo, e motivada pelo desejo de vingança, se torna uma das ladras mais procuradas da última década. Lícia Riley era uma detetive particular linha dura que ganhava a vida resolvendo casos sórdidos. Procurada pela máfia, ela se vê obrigada a aceitar a proposta do que seria um caso impossível. Motivada pela recompensa para salvar a mãe de um câncer, Lícia começa uma busca implacável pela verdadeira identidade da ladra Mist. O que nenhuma delas poderia imaginar, é que o destino entrelaçaria a vida de ambas no lugar mais improvável. Uma história sobre segredos e quebra de princípios. Uma trama onde ultrapassar a linha tênue de qualquer limite pode ser mortal.

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    O inferno existe e se chama saudade. Fez de mim seu espaço físico e me tomou como propriedade. Mantêm meu amor próprio em cárcere privado e abusa da minha paz.

    A saudade queima como fogo. Ouso dizer que, se fosse uma cor, ela seria vermelho sangue. Camufla-se entre meu fluxo sanguíneo apenas para pulsar ardentemente sob minha pele.

    A saudade me incomoda como um dia extremamente quente. Eu jogo água fresca no rosto, procuro uma sombra, chego a acreditar que estarei segura dentro de casa, mas o calor consegue ultrapassar as paredes e eu o observo propagando pelo ar em ondas, calmamente. E as gotículas de suor que escorrem pelo meu corpo são a prova de que a saudade está transbordando pelos meus poros.

    A saudade me veste como uma roupa de marca, só que pequena demais. Eu desfilo pelas ruas pagando de maravilhosa e finjo que sou foda por ostentar aquele ar de superior. Eu tento disfarçar meu rebolado pra que ninguém perceba o quanto aqueles panos apertados machucam, mas caramba! A saudade sufoca e incomoda pra caralho.

  Eu luto, diariamente, para me manter acordada, mas basta um segundo de silêncio interno para que ela me atormente. No instante em que eu fecho os olhos a saudade ganha forma, e, por ser meio sádica ou louca, (provavelmente, um pouco das duas coisas), eu tenho uma profunda queda por esse rosto. Sim, eu sou apaixonada por essa loucura que vive dentro de mim!

    A saudade é um paradoxo. A gente passa as horas tentando não lembrar, mas quando sonha, eu posso apostar que você daria tudo para que aqueles minutos durassem para sempre. É, eu sei! É um looping agonizante, frustrante e eterno.

    A minha saudade é como uma doença terminal. Me corrói por dentro, tão silenciosa que as vezes até me esqueço. As pessoas me olham com ar de piedade e algumas tentam me confortar dizendo que a dor uma hora passa. Meu sorriso é frouxo, e eu insisto em dizer que está tudo bem, mas qualquer um que vê meu olhar vazio consegue perceber a saudade estampada no meu semblante.

    A saudade não mata. É fato! Fisicamente falando, não existe ‘‘saudade’’ como causa mortis em nenhum atestado de óbito. Mas se algum legista pudesse dissecar minha alma saberia que eu estou morrendo por partes, em parcelas debitadas dia após dia. Eu não sou banco, mas posso te dar uma fatura detalhada das parcelas, ou posso fazer uma lista com um titulo brega:

Coisas que estão morrendo em mim sem você.  

A minha paz, cada vez que toca nossa música no rádio.
O meu prazer, quando eu toco outro corpo que não é o seu.
O meu riso, sem as nossas piadas ruins e o seu jeito ácido de comentar as coisas.
Os meus sonhos morrem, um por um, a cada passo que dou para longe do seu caminho.
A minha segurança, quando percebo que você não está por perto para me fazer sentir segura.
Meu coração, sempre que olho para o céu e percebo que o nosso destino já não está mais escrito nas estrelas.

     É saudade não mata, mas ela incomoda, aperta, sufoca e destrói tudo de bom que a gente guarda aqui dentro.