Quando as pessoas me conhecem e descobrem o modo como eu vivo, elas fazem uma careta e me perguntam o por quê, mas é tão difícil explicar o que é solidão para quem nunca se sentiu sozinho. Não encontro muito sentido em contar os motivos de eu ser tão louca e livre a um ponto quase mortal para aqueles que não sabem como é se sentir frágil. Para quem não tem ideia de como as garras da fome, do frio e do escuro apertam doído e te transformam em frangalhos. É tão complicado desenhar o que é medo para aqueles que não entendem nada sobre desespero. Para quem tem um lugar seguro onde repousar a cabeça e, independente do que aconteça, sempre terão um lugar para onde voltar. 

Eu era uma garota diferente. Meus jeans rasgados e tênis sujos não deixavam dúvida disso. Eu não tinha pra onde ir, nenhuma casa para chamar de lar, e nenhum ombro amoroso para ser só meu. A minha vida se transformou nas lembranças dos outros, e a minha casa era a esquina de qualquer lugar. Eu me alimentava das suas histórias e sonhos, e sorria ou chorava com eles. Era mais fácil do que encarar os demônios que eu guardava no bolso da velha jaqueta de couro. Eu era uma céu em plena lua nova! Um firmamento sem estrelas. Uma garota que se alimentava das recordações de uma época em que era uma constelação tão viva quanto a via láctea, onde cada estrela cadente era um sonho diferente. Entretanto, viu cada desejo morrer, um por um, lento e gradativamente. 

Havia um frenesi devastador dentro de mim! Movido pela vontade de provar todos os gostos do mundo e de quebrar todas as regras, tão imenso quanto o oceano e eu me afogava nele a tal ponto que eu não conseguia sequer voltar a superfície para falar sobre. Eu fazia a minha história e vivia intensamente! Sem me apegar as opiniões alheias ou aos comentários maldosos. Eu apostava alto na minha loucura, pois eu não tinha nada a perder. E a única moeda que eu conhecia para pagar pelo preço de ser um espírito indomável eram as lágrimas. Toda via, como explicar o valor caro disso para quem não sabe o que é ter que morder a própria mão para abafar o choro na falta de um travesseiro? 

Eu mandava no meu nariz e isso causava espanto. Havia dias em que me amava, e na maioria eu não suportava sequer olhar o meu reflexo. Então eu quebrava todos os espelhos espalhados por aí, e depois varria pra debaixo do tapete, lugar onde eu já escondia o resto dos cacos do que sobrara de mim. Mas eu era dona do meu corpo, e por isso eu fazia com ele o que eu bem quisesse. A vida era muito curta para não gozar a todo instante. Eu tentava encontrar felicidade em cada canto, e se eu não achasse, eu me sustentava sozinha! E que se dane os que me olhassem torto por isso. As pessoas irão prender a sua alma nas celas do "certo" e do "errado" se você permitir, mas eu era rebelde demais para me preocupar com isso. Eu não tinha limites, até porque, o que seria a dor para quem vive em uma eterna agonia?

Jessy Mendes

   Eu sinto você. Abro os olhos e te observo parada na janela, silenciosa. Os primeiros raios de sol tocam sua pele, mas só eu sei que na verdade eles te queimam. Eu escuto você. Eu consigo ouvir o seu suspiro carregado de pesar ao sentir que mais um longo dia se inicia ao leste. Você caminha até o guarda-roupa e fica ali, pensativa, indecisa sobre qual será a máscara da vez. Por fim, você decide usar a mesma da semana passada. Aquela que você usou durante o último mês inteiro. Você tranca a porta de casa e espera que todos os seus receios permaneçam lá dentro, mas eu vejo o terror estampado nos seus olhos no exato momento que você coloca o pé na calçada. Seus amigos te dão bom dia, e apesar de ter prometido a si mesma que seria mais sociável, eu sinto o medo que te atinge ao falar com os outros. Sim. Seus amigos agora eram "os outros". Todo o mundo havia se transformado em "os outros". Um bando de seres humanos com potencial para te machucar se você permitisse que eles se aproximassem o suficiente. É, eu entendia você.

    Na hora do rush, enquanto espera o ônibus, tão rodeada de gente, você fecha os olhos e se esconde atrás dos fones de ouvido na expectativa de que todos desapareçam. Pessoas. Eu sinto o seu pânico quanto às pessoas. Você teme que elas te destruam, num piscar de olhos, assim como todos "os outros" fizeram. Você respira fundo e aumenta o volume do som, tentando afastar o pavor que te esmaga com punhos fortes. Você treme, apesar do calor que faz nas ruas, mas eu entendo que o que te causa calafrios é a frieza dos seres, e não o clima. Pessoas eram cubos de gelos afiados, mal lapidados e cortantes.
    Segura dentro da sua redoma, você observa a vida dos ‘‘outros’’ acontecendo lá fora. Você já sabia que eles lutariam entre si até que um destruísse o outro por completo. Era sempre assim! E ai de quem entrasse nessa batalha tão cheio de calor e desprotegido! Mas você já o vez, diversas vezes, e eu consigo ver daqui as suas marcas de luta. Você tenta escondê-las usando essas mangas longas, mas, ainda sim, eu posso vê-las espalhadas pelo o seu corpo. Elas marcam o seu coração machucado, e maculam a sua alma. Você se sente um monstro por possuí-las, e quando se olha no espelho você se acha horrível. Talvez ninguém nunca tenha te falado isso, mas eu acho as suas cicatrizes sagradas. Uma prova eterna de que você sobreviveu a cada punhalada. Só que você não sente orgulho delas, pelo contrário, você sente vergonha. Como se você fosse culpada por cada uma delas. Eu sei. Você acha que ninguém escuta o seu clamor, mas eu escuto. Toda noite.

    Eu toco suas feridas e percebo que as cascas se tornam cada vez mais grossas sobre a sua pele calejada. Você as adquiriu na tentativa de manter perto as pedras de gelo cortantes, eu sei, e você também sabe. Mas não existe cicatrização que aguente tantos cortes, e não há coração que permaneça quente rodeado de pessoas tão frias. Você dispensa meus comentários e tenta se focar no trabalho, mas as letras se embaralham na sua frente. Você aperta os olhos e se esforça, porém os minutos passam lentamente. No final do dia você conta uma piada ruim e sorri, tentando se livrar da culpa por não ser mais agradável, mas, diferente deles, eu posso ouvir o desespero na sua risada.

 

Alguém te chama para tomar uma cerveja no barzinho da esquina, e logo você se lembra de que tudo começa desse jeito. Com um petisco de nada. Era sempre assim!  Você vai lá, conta suas histórias, confia nas pessoas, se acostuma com elas e, não muito tempo depois, você acaba sozinha mais uma vez. Você falaria sobre sua vida, e daqui um mês você estaria contando a mesma coisa para outras pessoas, e assim consecutivamente. Você estava cansada disso! Exausta de começar de novo a cada seis meses. Agora você nem se dava ao trabalho. A preguiça de construir algo só pra ver aquilo ser destruído com o mais simples vento era maior do que a sua carência. Só existe uma coisa na vida mais inevitável do que novos começos, a tragédia que sempre acompanha todo fim. E foi isso que te deu toda a firmeza na hora de dizer "Não. Obrigada. Estou muito ocupada hoje." Mas a verdade é que você ficaria sozinha e tomaria um remédio para dormir assim que chegasse em casa. Você os toma toda noite na esperança de que a vida passe depressa sem precisar ser vivida. Viver significava sentir, e, ultimamente, você se recusava a sentir qualquer coisa. O preço era alto demais e você não aguentava mais pagar por aquilo com lágrimas. Seu telefone toca e alguém te chama para ir ao cinema. Você vai, é claro, mas vai sozinha! Outro ‘não’ espalhado gratuitamente. Não. Não. E não! Eu conseguia entender a sua lógica. Você os repetiria até que não houvesse mais convites.
    Você exclui suas redes sociais e some da internet, e eu sei que você até teme que todos te esqueçam, mas você precisa, desesperadamente, que eles te deixem em paz. Você encontrou paz na solidão, não é mesmo? Você havia feito dela a sua melhor companhia. Não havia brigas, choro, expectativas, frustrações, ou estresse. Se a solidão tivesse uma forma física, ela seria uma boneca inflável, muda e sem sentimentos. Você ri da minha piada e eu vejo o quanto é muito mais fácil pra você quando estávamos sozinhas. Você relaxava, pois não havia a mínima chance de ‘‘alguém’’ te machucar quando não existia ‘‘ninguém’’ por perto. Você patinou no começo e caiu diversas vezes. Eu sei! Perdida sem saber o que fazer com tanto tempo livre, e com tantos espaços vazios aí dentro. Mas você se acostumou com tudo isso, e eu morri de orgulho ao perceber que você aprendeu a rir dos seus próprios tombos.
   Caminhei ao seu lado enquanto você ia para o banho, por que eu sei como a água quente te acalma. Eu entendo você. Eu sinto os seus medos e reconheço os seus sinais de exaustão. Você se despiu da pesada armadura que te vestiu durante o dia e eu fiquei encostada no box te observando. Analisando o mural de fotos que você mantém nas paredes da sua memória. Você coleciona recordações de uma garota sonhadora e feliz, que um dia confiou sem medo e amou ardentemente. Você morde os lábios e balança a cabeça, tentando afastar a saudade que te aflige. Você a esconde nas profundezas do seu ser, e me faz jurar de que aquilo será o nosso pequeno segredo. Você desaba, e eu posso sentir o choro que queima na sua garganta. Você está exausta dessa luta diária em tentar não se lembrar daquilo que você não consegue esquecer. Machucaram você, profundamente, eu sinto isso. E eu sinto muito por isso.

    Você se encara no espelho e, apesar do vidro embaçado, eu me vejo refletida em seus olhos. Eu sinto você, vejo você e escuto os seus pensamentos, pois, na verdade, somos uma só. No meu desejo em te manter por perto, eu adquiri vários machucados e, posteriormente, cascas pontiagudas e geladas. Pessoas sem sentimentos feriram você e, no desejo de não sentir mais dor, você arrancou o seu coração e o escondeu para que nunca mais pudessem machucá-lo. Eu sei, pois eu também fiz isso! E foi nesse exato momento em que, por pura proteção, nós nos transformamos nos monstros que passamos metade da vida prometendo que nunca nos tornaríamos.

Jessy Mendes

Eu tinha 22 anos na primeira vez que morri. Infelizmente a minha pouca idade não me poupou de conhecer a maldade inata e cruel que existe no ser humano. Eu gostaria de dizer que era um dia frio e chuvoso, mas não era. O céu estava claro e azul como um desses que a gente só vê em desenho animado. O sol brilhava e estava tão quente que chegava a ser sufocante. Lindo! Eu estava em uma cidade desconhecida e chorava. Minhas malas estavam pesadas demais para o meu ombro frágil, e apesar das pessoas que passavam na rua observando a minha tragédia, eu estava completamente sozinha. Abandonada depois de uma briga horrível, onde o único tiro disparado dentro daquele quarto de hotel tinha me acertado em cheio. O amor é uma roleta russa da qual você nunca sabe quando o gatilho vai disparar e uma bala vai estourar sua cabeça. Muito menos o seu coração. Um dia eu conheci alguém. Ela tinha um sorriso tão dos deuses que seria capaz de fazer cego ver. E ela era tão linda que até os mais céticos tinham q concordar que tamanha beleza não podia ter sido concebida apenas por genética. Era uma beleza simples, dessas que não estão escancaradas na TV, entretanto, era mortal. Tipo areia movediça que você não se toca do perigo, mas quando percebe já está em um buraco sem volta. Ela sussurrava tão doce quanto os anjos, e mentia tão bem quanto o diabo. Eu me pergunto agora se era ela que mentia bem, ou se era eu que me fazia de cega quanto aos seus defeitos devido ao brilho que saía do seu sorriso. Eu queria poder dizer que estou triste, mas não estou! Eu estaria feliz se eu estivesse tristonha, pois pelo menos eu estaria sentindo alguma coisa. Qualquer coisa! Mas não, eu estou oca! Não sinto o clima, não sinto o tempo, não sinto fome, ou sede, e não sinto sono, apesar de ficar na cama todo o tempo. As gorduras viciantes perderam o sabor e até mesmo o meu refrigerante favorito perdeu o gás antes mesmo de eu abrir a latinha. Não sei se minha risada fingi alegria, e não reparo nas roupas que me vestem. Respondo tudo no automático, tanto que se me perguntarem sobre o que estávamos falando mesmo, eu já nem me lembro. Eu queria dizer também que estou morrendo de dor agora, mas eu não posso, pois eu já morri. Ela me deixava todos os dias, e a cada vez que isso acontecia, eu me transformava em inúmeras pessoas diferentes na esperança de ser alguém por quem ela se apaixonasse e mudasse. Tanta máscara usei que esqueci de alimentar o meu verdadeiro eu. Passei tanto tempo tentando ser amada por alguém que eu deixei de me amar, e como eu sinto saudade das minhas manias agora. Como eu queria poder ter de volta os meus detalhes que eram só meus. Eu vivia mudando, me esforçando e sangrando, mas nada fazia com que ela me amasse. Talvez fossem os meus olhos que a lembravam que eu ainda era eu independente da maquiagem que eu estava usando só pra agradá-la. São tempos obscuros agora. Mas eu ainda digo que isso tudo é somente a vida me livrando de todo o mal. Jogando fora todo o lixo que me rondava para abrir espaço para as coisas boas que estão por vir. Eu repito isso sozinha todos os dias nos momentos em que a mágoa e a raiva cegam qualquer luz que existe dentro de mim. Mas agora qualquer dor arde apenas como uma queimadura de cigarro, se comparado a um corpo inteiro já em carne viva. Todavia, eu estou viva e consciente de que meus poetas favoritos também morreram de amor, mas reviveram e ainda vivem em suas poesias. Como fênix que renasce das cinzas, eu tinha 22 anos na primeira vez que eu ressuscitei do que restou de um coração destruído.

Jessy Mendes

    Fria como o gelo boiando no meu copo de gim. Você sequer pensa em mim? Já se sentiu sufocada por essas ruas tão cheias do que nós costumávamos ser? Pois eu estou aqui tentando adivinhar onde você está, e imaginando onde estaríamos se estivéssemos juntos agora. E se eu beber até adormecer, então talvez eu não te ligue mais uma última vez, só pra te ouvir dizer o quanto você está farta de mim. 
    Querida, eu sei que eu deveria ser um pouco menos viciado em você. Diminuir a frequência, colocar o pé no freio, e adiar por um tempo a próxima dose. Mas é tão difícil controlar isso quando tudo em você me atrai, até os seus defeitos. Eu sou viciado em você. Sou sim! Mas até quando eu vou me lembrar apenas de você, e esquecer de mim? 
    Embriagado de amor e dor, com o bolso cheio de moedas e lembranças que eu quero esquecer. Eu não posso continuar aqui tão pacífico, observando você quebrar meu coração como uma criança mimada que desmonta um quebra cabeça, só para depois me deixar sozinho, mais uma vez, juntando os pedaços. Eu posso seguir, eu sei, mas toda vez que eu estou quase lá a nossa música toca no rádio. E você não está me ajudando aparecendo com tanta frequência nos meus sonhos. Mas eu se eu beber só outra dose, talvez eu não te ligue mais uma última vez.

Jessy Mendes

Numa relação a dois, sempre tem aquele que se esquece primeiro de como é bom acordar com um bom dia do outro. Um quê deixa de lado primeiro os sonhos, os planos, as brincadeiras bobas e as piadinhas internas. Um que se esquece do sabor único que a comida tem quando compartilhada, seja uma pamonha, um sanduíche, ou um toddyinho. E sempre tem o que não sente mais nada quando a música deles toca no rádio.
Em um relacionamento a dois sempre tem aquele que deixa de sentir primeiro uma saudade absurda do outro, sufocante o suficiente para se esquecer do orgulho, das brigas, e voltar pra casa. 
Sempre tem um quê se esquece primeiro das juras feitas e das promessas conjugadas. O que se esquece primeiro de como era gostoso rir junto, de como era se sentir aliviado por ter o outro do lado, e de como uma simples pedra de gelo virava um parque de diversão. Sempre tem o quê se esquece primeiro dos detalhes a dois. Um quê se esquece de como qualquer assunto era divertido junto, até filosofia, fosse ela de boteco, caminhoneiro, ou filosófica. Infelizmente, sempre tem um quê se esquece primeiro das lembranças boas, e sempre tem o outro que continua se apegando a elas como se fossem a única lembrança feliz em dias tristes e solitários. Em uma relação a dois tem sempre um que se esquece primeiro de que junto é difícil, mas separado fica pior, e vai embora desistindo de lutar. Sempre tem aquele que se esquece primeiro do quanto os dois eram ótimos juntos.

Foi difícil. Naquela rodoviária fria, cheia de gente, fiquei observando pessoas indo e vindo. Algumas chorando, outras sorrindo e foi difícil saber que aquele ônibus me levaria para algum lugar aonde você não poderia ir comigo. Foi difícil voltar, pegar a estrada quando o coração encontrou um novo lar, em outro estado, longe de casa. Mas para mim, hoje, ‘‘casa’’ é qualquer lugar onde você também possa estar. 
Mas chega de falar sobre coisas tristes, porque você, na verdade, me trouxe muita felicidade. Você não foi aquele tipo de pessoa que valeu a pena. Você valeu mais do que a galinha toda, muito mais que um galinheiro inteiro. Valeu porque quando fecho os olhos eu não fico mais só imaginando como é ter você. Agora eu sei. Sei como seu sorriso é lindo e como ele ilumina meus dias escuros, mais do que milhares de fogos de artifício no céu. Consigo me lembrar, com perfeição, do seu cheiro pela manhã e de como ele me embriagava enquanto eu acordava. Sou capaz de fechar os olhos e saber, com muita saudade, que seu colo é o melhor lugar do mundo onde repousar e me aninhar. Eu conheço a temperatura exata do seu corpo, extremamente quente, e sei como ele esquenta minha pele, tão gelada, no frio da madrugada, melhor do que qualquer cobertor. Agora sei como é sua carinha de neném sapeca e como é seu olhar de mulher, o mesmo que me deixou, tantas vezes, sem palavras. Sei como é atravessar a chuva e o vento cortante ao seu lado, e sei como é gostoso comer batata frita, sorvete e Coca-Cola, sentadas no chão da sala. Após cinco encontros eu sei muitas coisas sobre mim e algumas sobre você. Sei, principalmente, que cada momento descrito aqui e outros milhares que nos ficarão apenas na memória valeram, realmente, mais do que um galinheiro todo. Cada dia com você valeu a granja inteira. Esses simples momentos me fizeram perceber que todas as coisas ruins pelas quais passamos foram necessárias para chegarmos onde estamos. Pois todo o meu passado me trouxe até você e, por esse motivo, eu viveria tudo de novo se eu tivesse a certeza de que reencontraria seus olhos tão únicos em alguma esquina, em algum lugar. O simples fato de ter provado o seu hálito quente e a textura tão macia dos seus lábios, mesmo se eu os provasse uma única vez, valeu mais do que uma vida de aventuras. Cada segundo com você valeu muito mais do que uma vida inteira.

Jessy Mendes
Me tornei exigente com o tempo. Não sou mais menina que ama, que luta, que se declara, ou sofre por dois. Nada disso! Quero alguém que me queira e, principalmente, demonstre isso. Quero alguém que doe afeto, transborde cuidado, e que grite que me deseja até ficar repetitivo. Alguém que, assim como eu, cante no banheiro músicas bregas, inundado por lembranças nossas, e que sorria feito bobo por lembrar da minha risada estranha. Alguém que sinta saudades, que deseje os meus beijos, e que anseie meus braços. Alguém que até possa estar cansado depois do barzinho com os amigos, mas que se for pra dormir, que queira descansar comigo ao lado. Alguém que venha, e não se vá. Que apareça e fique. Que não me encha de desculpas, mas que me bombardeie com soluções. Quero alguém que deixe bem claro o quanto me quer, pois eu não tenho bola de cristal pra ler pensamentos de ninguém, muito menos paciência. Mas eu disse BEM claro! Alguém que não tenha medo e nem vergonha de expor o que sente, pois eu preciso que a paixão seja maior que qualquer outro sentimento. Que fale, desenhe, escreva, cante, faça sinal de fumaça, o que for, só não me deixe na incerteza. Eu não gosto de dúvidas, acho as certezas muito mais prazerosas. O único lugar onde metade é sinônimo de alegria é em liquidação. Tudo pela metade do preço. Mas, meu amor, o meu coração é caro! Ele não recebe menos que 100%, e o pagamento é a vista. Carinho em parcelas mínimas eu não aceito. Ou vai, ou racha. Ou fica, ou vaza. É questão de sobrevivência. Afinal, fogueira que não se alimenta, apaga.



Jessy Mendes
Meu coração dispara no momento em que sinto o seu cheiro. Meu corpo fica mole, e até o dedinho do meu pé relaxa quando o vento me toca com o seu perfume. Nossa! Eu poderia aspirar desse álcool até ficar embriagada, a noite toda, um mês inteiro. Mas eu só gosto dele na sua pele, não nego! Pois sem você ele é só mais uma essência qualquer, em um vidro chique com um nome estranho. Seu cheiro é tão safado que me arranca sorrisos mesmo em dias de chuva! Ele não é do tipo que se dissolve na água, aparentemente, o infeliz se potencializa! Maldição andar com você de carro! Da vontade de te morder inteira em cada parada, ou de ficar com a cabeça afundada no seu cangote e foda-se a troca de marcha. Você olha para a minha cara de tarada e ri, achando graça, mas só eu sei das borbulhas engraçadas que o meu sangue faz enquanto olho pra você. E eu também acabo rindo, imaginando o que você falaria disso, caso soubesse. Reviro os olhos e suspiro! " - Deus! Que tortura!" - "Mas que tortura deliciosa", eu penso, virando o rosto e sendo atingida pelo seu sorriso. Meus pensamentos, desenfreados, soam altos demais, eu acho, pois você me diz com esse jeitinho tão seu de ser: Relaxa! Eu jogo a cabeça pra trás e cravo as unhas no banco, meu corpo em chamas, buscando o ar que você me rouba. Enquanto eu afundo o meu pé no acelerador, você coloca o seu no freio, e eu mordo os lábios contendo o meu desejo. Droga! É tudo culpa desse perfume que me tira dos eixos.



Jessy Mendes
Eu sei que a gente já quase não se fala, e que você vive "sumido". Eu te vejo on, mas a tela do meu celular permanece vazia. Também sei que eu sou meio sem graça, e que você vive ocupado, apesar de responder pontualmente todas essas pessoas popzinhas que enchem a sua lista. Tudo bem! Eu já estou acostumado com gente vindo e indo. Com gente que bebe um pouquinho de mim e vai embora. Mas não é porque eu estou acostumada, e que eu vou seguir a vida, que eu não gostaria que você ficasse. Eu dígito pequenos textos e penso em te mandar só pra você saber que eu estou te vendo ali acordado, mas eu já puxei tanto assunto e eu não quero você me achando chata, pegajosa ou carente. Mas eu gostaria que você quisesse que eu fosse um chiclete. Eu grudaria em você, sem problemas, com a maior facilidade se isso te animasse. Mas já aviso que sou chiclete caro! Estilo Trident! Se quiser chicletinho de R$ 00,05 centavos, desses que a gente só compra pra colecionar figurinha, é melhor mesmo permanecer no seu silêncio. Não me banco todos os dias, sozinha, pra completar o álbum de moleque nenhum. Sou do tipo que preenche a alma, e não o ego.


Que nos momentos difíceis e de tribulações eu nunca me esqueça, nem por um segundo, de como o cheiro da sua pele é a coisa mais maravilhosa do mundo pela manhã. Muito menos de como só você me faz sorrir nos dias em que ninguém mais é capaz. Que nada desvie a minha atenção para os nossos sonhos, ou pelo menos, para os meus sonhos com você, que são te acordar todo dia com muito amor e te fazer dormir com muito carinho. Que nos dias estressantes, na distância, no ciúmes e na falta de compreensão eu me lembre de como você é o meu balsamo perfeito. Que eu sempre tenha em mente o quanto o seu mais singelo toque me amansa, e de como o seu beijo tem o sabor mais delicioso das galáxias! Melhor do que qualquer batata frita, cachorro quente ou Coca-Cola. Seus lábios têm esse poder mágico de me fazer levitar sem que eu precise tirar os pés do chão. Que na carência eu me lembre de que não importa os outros rostos, é você, e só você quem me faz falta e, consequentemente, a única pessoa quem me completa. Que nos dias frios e solitários eu me lembre de como o seu corpo é quente quando está colado ao meu, e de como só o seu abraço me aquece e me protege. Que eu sempre me lembre do seu jeito mulher que me encanta e das nossas trapalhadas como molecas, principalmente nos momentos em que eu estiver me sentindo triste e derrotada por algo da vida. E não importa o quanto a barra seja pesada, a quantidade de dívidas, ou o tamanho da tragédia, que eu sempre me lembre de como só você me transborda, do seu sorriso largo e lindo, e de como eu sou completamente louca em você! Desde o seu jeitinho lindo de falar, até o modo como os meus olhos brilham quando olham para você. E se a saudade me sufocar que a sua voz seja o meu balão de ar, e se ela me cegar, que as nossas lembranças sejam a minha luz. Independente se eu te amo porque brigamos às vezes, ou se brigamos muito porque eu te amo; e apesar dos vários pesares, que o amor sempre prevaleça!

Jessy Mendes

Eu odeio balada. Nossa! E como. Aquele bando de gente estranha se esfregando. Trombando, uns nos outros, na expectativa de que uma daquelas trombadas se transforme em um encaixe. Eu iria matar a minha amiga assim que chegássemos em casa. Mas agora ela estava pulando com uma galera que eu nunca vi na vida, e, provavelmente, nem ela! Joguei fora o copo com vodca que tentaram me empurrar no bar, e beberiquei o suco com gelo que eu carregava. Argh! Até o suco daquele lugar era ruim. Jesus Cristo!
- Ok. E se eu estivesse exagerando? Afinal, eu já tinha ido a outras baladas antes. Quem sabe eu só estava ficando velha, ou amargurada. Provavelmente as duas coisas. Bebi mais um pouco do suco que continuava ruim. Certo. Talvez um táxi não custasse tão caro até em casa, pensei esperançosa. Mas me lembrei com tristeza que eu estava quebrada! Quem nunca? Não dava nem ir embora, pois era a tal amiga que estava pagando hoje. Sem esperanças, caminhei para um cantinho seguro e me encostei em uma pilastra, torcendo para que aquilo acabasse logo. Alguém gritou algo sobre como tinha ficado legal a reforma daquele lugar. E caramba! Foi então que eu percebi que já estive naquele mesmo cantinho antes! Com uma antiga namorada. Coisa de um ou dois anos atrás. Eu mal me lembrava mais. Engraçado como nada em mim doeu, apesar de ela ter destruído a minha vida. Não é estranho o modo como tudo passa? Tanto a dor, quanto o riso. As coisas, simplesmente, deixavam de ter tanta importância. Passam de tudo para nada, e se perdem em alguma dimensão entre o tempo e o espaço. Ri do destino e bebi mais um gole do meu suco que agora era quase água. Será que um dia eu também te esqueceria? Será que eu deixaria de te ver em cada canto? Mas eu já sabia a resposta para essas perguntas. Nossas memórias não estavam espalhadas em cada esquina, até porque nós não tínhamos, praticamente, nenhuma. Só que para o meu eterno desgosto e alegria, você estava em cada canto dentro de mim.
Estava um calor insuportável! Rodei com os olhos aquela pista e me perguntei por que as pessoas se produziam tanto, só para vir tomar um banho de suor naquele cubículo apertado. Foi assim que, sem mais nem menos, eu senti borboletas no estômago. Minhas pernas tremeram e meu mundo caiu! Ai não! Mas que droga! O que caiu foi o meu copo! Pés encharcados a parte, eu não podia te perder de vista! Malditas cabeças que embaralhavam minha visão. Me xinguei por não ter vindo de óculos, e te amaldiçoei por sempre aparecer nas horas mais impróprias. A-há! Eu vi você. De costas, claro. Cabelos pretos como a noite, curtos como a minha grana, e a pele branca como o gelo do meu congelador que eu preciso descongelar a anos. Droga! Foca no foco! O mundo entrou em câmera lenta, mas você pulava como uma louca. Jogava os braços pra cima, balançando aquela pulseira-relógio escura e grossa que só você tinha. Você passou a mão no cabelo, afastando eles da nuca, bagunçando-o, e eu me lembrei de como EU gostava de fazer aquilo. Eu amava bagunçar você todinha, um puro reflexo do que você fazia, e ainda faz, comigo. Levei o suco à boca, na expectativa de tentar molhar a minha garganta tão seca. Mas o meu copo, e mundo, estava no chão. Eu não tinha mais nada em minhas mãos, nem mesmo você. Cerrei meus olhos e fui me apertando entre a multidão. Atraída pelo imã natural e filho da puta que eu tenho em relação a você. Meu coração palpitou, freneticamente, e não era pela batida forte da música que tocava. Você continuava dançando e gritando como uma maluca, e eu não contive o meu sorriso, pois eu sei que você jamais dançaria daquela forma. Você nunca saía da casinha, mas era gostoso te ver ali daquele jeito. Inconscientemente, lá estava eu do seu lado, petrificada ao olhar para o seu rosto. O mesmo batom vermelho, o lápis no olho delineado da mesma forma, e uma blusa cinza quase parecida com aquela sua do Elvis. Eu, ainda parada como uma estatua, senti-me rachando, gradativamente, no instante que você olhou para mim e sorriu. Era você. Em carne, osso e cabelo. Mas não era você no sorriso, tal pouco no brilho dos olhos, apesar de os dela também serem pequenos. Não era você e pronto! E, independente do que eu fizesse com ela, nunca seríamos nós. Eu e você. Entende? Uma fumaça se propagou pelo ar e espaço. Meus olhos arderam, mas nada tinha a ver com aquela camada branca e espessa. Pisquei, repetidas vezes, e senti gotículas se espalhando pelo meu rosto. E não, não eram de suor. Meus pulmões foram sufocados e o meu coração esmagado no peito. Aproveitei a deixa e me afastei daquela versão pobre de você. Talvez uma versão genérica fosse melhor do que nada. Mas a gente nunca deve se contentar com o pouco. Não fora isso que eu aprendi com você? Voltei para o meu cantinho, aquele que não me trazia dor alguma ao me lembrar da minha ex. Chutei para longe o meu copo (mundo) que continuava no chão, já todo destruído. Peguei mais suco e fui chupar gelo no meu canto. Dispensei outro alguém, mas dessa vez não me senti nem um pouco orgulhosa de mim. Afinal, você ficaria? Eu e minha mania feia de sempre pensar no que você pensaria. Sem falar da minha esperança idiota de que você me ligaria um dia, e eu te contaria que estou há meses sem ninguém. Você ficaria feliz com mais uma certeza de que sou sua? Só sua! Como nunca fui de ninguém. Mesmo que você tenha me abandonado, e nunca tenha olhado para trás, eu ainda era sua. Fiel, indubitavelmente, aos meus sentimentos por você. Você ligaria. Não ligaria? Peguei meu telefone e verifiquei se eu ainda estava bloqueada nas suas redes sociais. A tela sem cor e sem vida me repetia que eu continuava bloqueada, principalmente, da sua vida. Como um vírus tão ruim que você repele para longe com cara de nojo. Não, você não ligaria. Nunca mais. E a vida tinha que seguir. Ela sempre segue, e quando você se recusa, ela te mete o pé na bunda e te empurra. Para onde exatamente, eu não sei dizer. Tinha medo de que a minha vida não seguisse para muito longe caso eu continuasse te vendo em cada rosto e em cada esquina.  Sabe quando você tenta seguir, mas você se cansa da tentativa antes mesmo de tentar? Você já sabe que nada, absolutamente, nada te preenche! E quando nada nos preenche, só a saudade é densa o suficiente e capaz de ocupar aquele espaço vazio. E saudade sem prazo de validade sofre mutação dentro da gente. Transforma-se em um monstro horrível que nada mata! Ele se alimenta das nossas esperanças, e corroí a nossa alma, dia após dia, em uma agonia eterna. Alguém cutucou meu braço, anunciando que já era hora de ir embora. Percebi que a pista já estava praticamente vazia, e que a sua versão genérica já tinha partido. Meus pés doíam, e antes fossem só eles. Concordei com a cabeça e deixei aquele pesadelo para trás, mas eu sabia que não havia alivio para mim, pois você me seguiria até em casa mais uma vez. 

Jessy Mendes



Eu só queria te contar que eu consigo te sentir de novo no instante em que eu fecho os olhos. Porque você insisti em me visitar em meus sonhos. Mas sonho não realizado se torna o que? Em esquecimento, eu diria, se meu subconsciente não insistisse em te transformar em desejo e saudade. Eu fico aqui imaginando diferentes motivos que te façam sorrir, para tentar te arrancar um sorriso, simplesmente porque ele é bonito e me deixa feliz. Eu estive pensando em nós, e talvez você nem saiba, mas a música no rádio me lembra você. Assim como quase todas as outras que tocaram antes dessa, e possivelmente, todas que tocarão em seguida. Aquela melodia cafona me lembra de como eu acho brega essa arritmia engraçada que eu sinto toda vez que você aparece. Mas eu gosto da gente exatamente porque nós não estamos nas estatísticas padronizadas. Somos duas almas fora do comum, separadas em Saturno, mas que um dia já foi uma só. Você é aquela menina doce que se esconde atrás de um braço de ferro, e eu sou a moleca que tenta disfarçar a própria velhice. Quem diria, mas na verdade ninguém diz, afinal, no íntimo assim, só a gente se conhece. Quem apostaria que o seu salto alto se apaixonaria pelo meu allstar velho? Nem eu mesma! Eu queria te dizer que você não é a única que come com a mão, ou que frita o tomate com a carne, mulher limão. Eu também vejo sushi nas nuvens e poetas nas estrelas. E eu vou te contar que minha cabeça é dura o suficiente para aguentar a sua testa de ferro, e que o meu lápis está sempre apontado para a sua língua afiada. Eu gosto do modo como trocamos nossos defeitos como se fossem figurinhas, sem medos ou vergonha, e rimos das repetidas igual criança (que cresceram rápido demais). No final dessa estrada, onde o tempo é só um detalhe, eu só gostaria que você soubesse que eu não me importo de limpar as ferrugens da sua pele no final do dia, oriunda dessa máscara de titânio e armadura de aço que você também usa, minha menina ervilha. 

Um dia retornaremos a Saturno.

Jessy Mendes


Segunda feira começo uma nova dieta! A meta é evitar tudo o que faz mal ao meu coração. Começando por parar de tratar com prioridade quem me trata como última opção. Dizem as más línguas que depois de um tempo você se sente uns 7 quilos mais leve. Ah.. Também não vou ficar mais correndo atrás. Quer andar comigo? Me acompanhe. Bobeira de quem disse que correr emagrece, pelo menos nesse caso só me deixa mais pesada. É que talvez você não saiba, mas as tantas lágrimas presas aqui dentro têm um peso enorme! Essa dieta parece nova, mas a sua premissa é milenar: Só tem alma bonita e um coração saudável quem evita o que te faz mal. E não! Não vou cortar a Coca-Cola! Muito menos a batata frita.

Jessy Mendes


Um minuto de silêncio pra nós mesmos! Para todos aqueles que em algum momento da vida já parou, bateu na testa e se perguntou: Como eu pude perder tanto tempo com alguém ou com isso? Para todos aqueles que tiveram forças, por fim, de tirar a venda que insistia em usar e percebeu (antes tarde do que nunca) o gosto triste e amargo da realidade. Para os sonhos que construímos em cima de coisas e pessoas vazias, e agora jazem no limbo de algum infinito destruído. Para quem se mata todos os dias tentando salvar, ou manter vivo aí dentro pessoas que já morreram há muito tempo dentro de si mesmas. Uma hora de silêncio pra quem se destrói perguntando o que há de errado com você, e não entende que o problema muitas vezes, na verdade, está no mundo ou nos outros. Uma semana de silêncio pra quem se esforça e sangra todos os dias tentando agradar, mas esquece de cuidar da única pessoa que vale a pena. Você! É... Depois de tantos minutos de silêncio e outros tantos que continuam calados, eu só posso dedicar uma vida de silêncio pra mim mesma que se sente sozinha tentando agradar aos outros. Que correu e ainda corre atrás de amigos, amores e empregos, mas se esquece de que o que é nosso vem até a gente e faz bem! Diferente desses outros que nos enterram um pouco mais dia após dia e só aparecem quando é conveniente. Mas eu não me preocupo, pois há tempo de plantar e há tempo de colher o que se plantou, e logo isso se transformará em um texto de aplausos e eles ecoarão tão alto quanto esses silêncios.


Doeu saber que eu estava superando você. Doeu como a morte dói nos que sobrevivem perceber que o seu fantasma não me atormentava mais com a força de antes; pois até mesmo a sua assombração me confortava. Alguma coisa sua, mesmo que terrível, vivia em mim, e de alguma forma, você ainda estava presente na minha vida. Meus olhos se arregalaram na primeira vez que senti o gosto da comida depois de muito tempo. E eu achei estranho quando sorri sem desejar que fosse você o motivo do meu sorriso. Ver você partir da minha vida foi duro, mas mais difícil ainda era perceber que agora você estava indo embora de dentro de mim. Você não estava mais em pé na minha frente me dizendo que eu era uma derrotada. Você estava encostada na parede, jogada e morrendo. Sangrando, apesar de eu ter certeza de que aquele era o meu sangue. Solucei sozinha, pesarosa. Eu não queria deixar você ir embora. Eu estava tão acostumava com a sua voz ecoando na minha cabeça. Nos momentos de choro debaixo do chuveiro, o seu fantasma estava sempre ali do meu lado. Por meses o seu espectro me acompanhou o tempo inteiro. Na faculdade, no parque, no barzinho junto com amigos e, principalmente, na hora de dormir. Você era o meu pesadelo, o meu carrasco, e a minha dor mais aguda, mas ainda sim, era você! E isso por si só me bastava (apesar de eu odiar confessar isso). Com o seu assombro eu estava sempre tão solitariamente acompanhada. A sua lembrança latejante aqui dentro me destruía e me confortava, e uma parte fraca demais dentro de mim se recusava a deixar você ir embora. Mas tudo o que eu precisava era que você fosse. Dei outro soluço enquanto percebia os seus olhos perdendo o brilho em minha frente. O seu fantasma estava quase transparente, e o cômodo sem a sua presença ficou assustadoramente vazio. Enterrar você era o mesmo que desistir. Aceitar, de uma vez por todas, que não havia mais nada pra se fazer, pois você não voltaria. Seria abdicar da luta. Abrir mão da batalha. Começar a desejar outras coisas que não seria você. Um assassinato duplo! O seu e o da minha esperança. Eu estava ficando sozinha, e teria que aprender a lidar comigo mesma. Não havia dúvidas de que eu precisava que você perdesse a vida aqui dentro para que eu pudesse reconstruir a minha. Mas não, meu Deus, como doía! Dar adeus a sua lembrança era ter que sorrir sem peso, dormir sem remédios, e acordar sem mágoa. Seria ter que continuar sem você, e eu estava tão acostumada a ser o que você queria. Mas já fazia dias que eu precisava me lembrar de lembrar de você, e isso estava se tornando recorrente demais para eu pudesse ignorar. Às vezes eu trombava com o seu fantasma na esquina e percebia como eu tinha me esquecido de você. Passou-se dias e só então eu percebi que na noite anterior eu não olhei o celular pra ver se tinha algo seu. Quando dei por mim, eu estava escrevendo um texto novo, algo leve e suave do qual você não fazia parte. Caramba! Eu estava mesmo te esquecendo! Dei uma pausa na escrita do meu livro, aquele que eu jurava que nunca mais conseguiria sem você, e me ajoelhei sobre o seu borrão quase sem vida. Te olhei uma última vez e me debulhei em lágrimas. Eu não tinha mais desculpas agora. Como seria acordar e ter que viver? Não ter mais como dizer que você estava ali me tirando os prazeres do mundo. Você estava morrendo, e eu não podia fazer nada. Sussurrei mil desculpas ao seu ouvido. Pedi perdão por ter aprendido a viver sem você, mesmo sabendo que o seu eu de verdade sempre vivera, e ainda vivi, muito bem sem mim. Perdão por ter saído noite passada e me divertido sem sentir sua presença; antes sempre tão presente. Fechei os seus olhos quando eles perderam, finalmente, a vida. Deixei o seu fantasma se dissipando naquele canto, apaguei a luz e chorei sozinha. Não quis encarar os seus restos por muito tempo, eu ainda não tinha certeza se você ressuscitaria. Apesar do meu pesar, eu desejei que você não o fizesse, pois eu precisava seguir. Você continuou silenciosa durante a madrugada toda e meus tremores logo deram lugar ao sono. Amanhã eu acordaria de luto pela sua morte aqui dentro, não nego. Mas acordaria orgulhosa de mim mesma e ansiosa pela vida que me aguardava lá fora.


Quero uma felicidade que me dê alegria! Você pode até me achar louca e perguntar, em tom de zombaria, se existe uma felicidade triste; E eu posso te afirmar que sim, isso acontece. No mínimo eu te digo que existe aquela felicidade simples, calma e serena. Uma Felicidade já costumeira, daquela que te faz praticamente dormir nos braços dela. Felicidade do dia-a-dia, tão comum de quem é ‘‘apenas’’ feliz e isso por si só basta. Aquela felicidade que você se lembra quando te perguntam se você é feliz, e você até responde que sim, mas ainda encontra dificuldade em definir o porquê ou o que te traz real felicidade. Felicidade tão tranquila que chega a ser mansa. Quase confundida com uma felicidade plena. Mas eu não! Eu sou diferente, sou do contra, sou ambiciosa e sou fominha. Eu quero aquela felicidade que me dê alegria. Aquela felicidade que me tire os pés do chão, que me vire do avesso, que me faz sonhar, mesmo acordada, e que me deixe ansiosa por um novo dia. Que me faça parecer uma louca desvairada, e que me faça rir de um jeito feio, ou estranho, até que eu fique sem ar. É isso! Eu quero uma felicidade que me tire o fôlego. Uma felicidade que faça o sangue bombear muito mais rápido dentro das minhas veias, e que faça a minha adrenalina atingir pontos exorbitantes. Uma felicidade que me cegue para os problemas do mundo, mas que abra os meus olhos para toda a beleza que está presente nas coisas mais simples dessa vida. Uma felicidade que me embriague de alegria! E que eu possa soar como uma louca só por atravessar a rua com o sinal aberto, parecendo quase uma drogada. Quero uma overdose de alegria. Quero sentir o vento batendo no meu rosto, enquanto eu cultivo borboletas na minha barriga. Quero sentir medo, mas ao mesmo tempo eu preciso ter a certeza de que nada no mundo pode me parar agora. Quero ser extremamente tola e alucinada. Quero perder o sono de desejo, e quero ‘‘flutuar’’ como uma bailarina. Quero viver no mundo da lua, e preciso viajar por todos os outros planetas. Quero uma felicidade que siga uma direção oposta a todas as outras, principalmente que seja fora dos eixos e dos padrões convencionais. Muito mais do que isso eu quero uma felicidade que faça eu me sentir muito mais do que completa... Eu quero uma felicidade que me transborde. Quero ser inundada pelos risos, pelos beijos, pelas borboletas, pelo vento e pelos cheiros. Quero gritar até que eu possa acordar o bairro inteiro, e quero ser capaz de sentir tudo o que eu procuro com o barulho do silêncio. Eu não quero só ser feliz! Eu quero estar pelo simples fato de que a alegria me transbordou a tal ponto que seria impossível não ser.


Conheci pessoas tão lindas, mas que se escondiam atrás de tanta maquiagem que dava até medo. Conheci pessoas sem beleza, mas que eram capazes de transformar qualquer coisa em algo bonito. Conheci lugares estranhos que chegavam a arrepiar o cabelo, outros eram tão bonitos que fiz deles paisagens e emoldurei na memória. Já sorri com pessoas que só mentiram para mim e já chorei com amigos verdadeiros. Mas a vida é assim, quase como um metrô, desses que percorrem a cidade inteira. Cada hora é uma vista diferente, uma estação diferente e pessoas diferentes. E só você ficar sentada lá e observar, pode ver! A porta fechando e abrindo. Aí depois daquela curva terá um lugar fantástico, uau, né? E mais pra frente depois do morro, infelizmente, um lugar fétido. Sobre as pessoas? Ah... As pessoas estas estão sempre indo e vindo. Já percebeu como o metrô começa cheio e termina quase vazio no último ponto? Pois é, e pode perceber como, a cada ano, você tem menos amigos, já reparou? Mas talvez seja só culpa do amadurecimento que nos torna mais seletivos. Tanta gente passa em nossas vidas, mas são tão poucas as que ficam, não é mesmo? Eu queria que você ficasse! Queria te sentar do meu ladinho nesse vagão e colar sua bunda com cola! Te contaria várias histórias minhas e escutaria outras tantas suas, enquanto apreciaríamos a vista. Então fica? Amarra seu cavalinho aqui dentro, com um nó bem dado e tira ele da chuva! Pregue um quadro com seu nome na parede do meu coração, mas martela isso aí direto e prega, bem pregado. Pode ser ali no cantinho, no meio ou de lado. Só fica vai, meu coração não vai cobrar aluguel se você sorrir pra mim assim, bem assim, todos os dias.

Quero um coração de papel, estou de saco cheio desse aqui cheio de músculos e transbordando sentimentos. Se meu coração fosse de papel, toda vez que alguém machucasse ele eu passaria o ferro bem quente em cima e o faria ficar bonitinho novamente. Ia ser lindo. Agora esse aqui dentro do meu peito demora a se curar. Ele é todo machucado e mesmo quando você passa Merthiolate, ainda existe todo um procedimento. A cicatrização é demorada e o processo é lento. Coração bobo, que às vezes aguenta uma tempestade, caladinho, mas chora quando te machucam com aquela gota d´água. Coração de menina que precisa ser cuidada, mas que vive passando batom e caindo do salto alto, só porque quer ser um coração de mulher destemida e determinada. Carne é assim, meu bem. Corta lá aquele pedaço de bife pra você ver se ele volta ao normal na mesma hora. Não volta não! Talvez com o tempo até se regenere, mas dependendo do tamanho do corte, já era! Então não dá pra você ir e vir, morder e depois soprar. Não dá pra você amassar meu coração e depois desamassar, hora que você bem quiser ou bem entender. Decida-se. Porque ele é de carne e músculo, matéria bruta, todo desajeitado, mas que uma vez machucado, sangra e sofre caladinho. Pode trazer o remédio quando o arrependimento bater, não tem problema. Mas ele vai ficar cheio de cicatriz e feridinhas feias, sabia? Pois é, mas parece que o mundo inteiro não sabe. Agora se meu coração fosse de papel, tudo seria mais fácil. Você passaria o ferro nas minhas feridas e as levaria embora. Mas coitadinho, está aqui sozinho, na esperança de um dia encontrar o remédio que o faça ser totalmente curado.

23.02.12
by:Jessy M


Deu vontade de te ligar na hora do almoço. Confesso. Só pra matar um pouquinho da saudade do costume que tenho de falar com você em todo e qualquer intervalo do meu dia. Não liguei. Mas aquele pontinho de esperança que ainda existe dentro de mim ficou esperando que você ligasse só pra dizer que me ama. Você não ligou, mas eu fiquei esperando até o último minutinho. Fiquei porque apesar de saber que já não temos mais tantas coisas boas para dizer um ao outro, o jeito como você respira alto, perto demais do fone, me bastaria. 13:13 no relógio e você não apareceu, e eu também acabei não ligando. Mas só não o fiz porque estou tentando me acostumar com a sua falta, e eu prometi a mim mesma que não iria ligar brigando (mais uma vez) por você permitir, tão facilmente, que isso aconteça. Você me disse (com esse seu jeitinho que me convence sempre) que era ‘‘Melhor parar e tentar se lembrar das coisas boas que tínhamos e não se destruir e se machucar ainda mais’’. E eu, por fim, e depois de vários ‘‘fins’’, aceitei. Entretanto, os espaços vazios e silenciosos do meu dia ainda gritam, sem entender, por que não somos mais capazes de criar novas lembranças boas e felizes. A gente se gosta! Eu sei e você também sabe! Mas as brigas tomaram o lugar da paz, os sorrisos perderam lugar para o choro, a mágoa transcendeu o prazer, e as cicatrizes começaram a ficar grandes demais para se curarem sozinhas. E eu expliquei isso tantas vezes para esses mesmos vazios e silêncios que acabei convencendo a mim mesma. Seria engraçado, se não fosse triste, como eu sempre procurei um amor que eu amasse sem razão, e eu encontrei! Eu te amei sem razão alguma, até porque somos opostos que se atraem como imãs, mas agora aqui estou eu, enumerando, singelamente, os motivos pelos quais nós não damos mais certo. O nosso quebra cabeça não se encaixa mais como antigamente, e o mais triste não é nem o ‘‘Não se encaixar’’, mas sim perceber que nós já nos acostumamos com o não encaixe. Mais triste do que o fim, só mesmo aquele momento em que o a ficha cai. A ficha caiu e eu olhei para o fone, confusa e incrédula, ainda com aquela cara de que ‘‘Eu não queria que tivesse caído logo agora’’. Tu Tu Tu Tu, e a nossa ligação ficou assim, por um fio, finalizada. A gente se ama, é fato, e ainda me encanta como a sua risada estranha soa deliciosa, e eu vou sentir falta do jeito único e perfeito como o seu pé se esfrega no meu para que possamos pegar no sono. E de toda a saudade que ficará aqui dentro do meu peito, eu acho que nunca vou conseguir definir o que será mais latente: Não presenciar o modo como o sol reflete tão lindo sobre o seu cabelo, ou não poder sentir na pele como o seu corpo pequeno e compacto foi moldado para o meu grande e desengonçado. Sobre a nossa família planejada com duas crianças e um cachorro eu nem falo nada. Essa sensação de perda e luto ultrapassa qualquer palavra ou sentimento. O ''X'' da questão é que a gente se quer, mas não se bate. Até se quer mais perto, mas se repele. Quer beijos, mas vive de tapas. Ama, mas não confia no amor do outro. Quer a paz que só existe em nossos abraços, mas já não consegue mais proporcionar sossego. Queremos que juntos sejamos um laço, mas na pratica tudo se tornou um nó. A mesma mão que acaricia, dá um soco. Queremos ficar juntos pra sempre, mas não conseguimos mais nos manter. Os nossos momentos bons são ótimos e durante eles eu tenho a mais plena certeza de que ficaremos juntos para sempre! Mas daí então vem as brigas, e outra, e mais uma, e eu tenho a sensação de que não posso aguentar mais aquilo nem por um segundo. A balança que deveria estar no positivo, acabou ficando no vermelho. E que pena... Fomos vencidos! Não pela distância, o nosso pior inimigo, mas pelas brigas que se transformaram em desencanto. Eu tento e remendo as páginas rasgadas pela sua borracha, e trabalho, incessantemente, na vontade de que esse calculo dê certo. Mas o meu lápis quebrado de tanto ser apontado não consegue mais encontrar espaços não rasurados, onde possa caber um pouco mais da nossa história. Depois de toda essa matemática insana e descompassada, podemos até dizer que fomos maus administradores e que não soubemos como alavancar o nosso negócio, mas ninguém nunca poderá dizer que faltou amor, paixão e entusiasmo. E ainda não falta! Mas, aparentemente, não tem jeito! Tudo bem... A gente já não se soma mais, mas só nós sabemos como a gente se completa. E passando da matemática para a poesia, a minha consciência também sabe que hoje nós não somos nem metade do que já fomos, pra ser mais exata, nesse momento nós não somos nada! Mas o meu coração tenho toda essa certeza de que a gente ainda se transborda. 


O fim machuca, a perda dói, e sair da bolha rodeada do que é confortável e conhecido é enlouquecedor. Todo fim é triste né? Ninguém gosta de perder! E quando se perde algo ou alguém para o desconhecido, e você simplesmente o vê saindo da sua vida, a única certeza que sobra é de que seremos inundados por um turbilhão de sentimentos. Um coração quebrado significa que você será obrigado a sobreviver ao dia-a-dia, mas que, sem perceber, uma lágrima teimosa escorrerá pelo seu rosto enquanto você trabalha. Significa que depois do caos do termino, do estrago e de todo o barulho, você se verá afundado em um silêncio agourento. Um coração quebrado é a solidão que se sente na multidão, e é a sensação de abandono que se tem no final do dia enquanto você lava a sua roupa. É estar sozinho mesmo rodeado. O fim de qualquer coisa quando acontece de forma trágica significa que várias, ou todas as músicas perderão o sentido e a graça por um tempo, não importa se for samba ou rock. E todas as comidas perderão o seu sabor, e o seu paladar não conseguirá distinguir entre o que é doce ou salgado, porque simplesmente você não terá fome, mas você é obrigado a colocar para dentro mais uma garfada, e outra, e a continuar até o fim. Sofrer pelo fim de qualquer coisa significa que o canto dos passarinhos soará apenas como um ruído estranho ao longo dos dias, e que nada será tão belo quanto antes! Nem as flores, nem o sorriso de uma criança e nem mesmo o modo como o sol reflete sobre as águas ou sobre a grama verde. Ter um coração partido é o mesmo que viver em câmera lenta enquanto você faz compras, ou enquanto você precisa se levantar da cama e tomar um banho. É um inferno viver em slow motion todo o tempo! É se sentir uma criança frágil, desprotegida e carente, e ao mesmo tempo se sentir capaz de escalar uma montanha, pois nada parece maior que a sua dor. Ter um coração quebrado é ver algo lindo e sentir um pouco de raiva por não fazer mais parte de nada bonito, e é chorar copiosamente logo depois, enquanto caminha sem rumo pelas ruas, até o instante em que você estará pronto para começar tudo mais uma vez. Você pode até achar que nunca vai superar nada, ou que aquela dor será para sempre, mas não é e nem será! A dor não é eterna, ela só é insuportavelmente chata enquanto não passa, mas uma hora passa! A coisa mais bonita sobre a vida, no meio da tragédia que são os dias, é que a vida continua, e independente se você quer ou não, ela te empurra! O fim é apenas um novo recomeço, que logo terá um outro final, só para recomeçar novamente

Perdida entre a música alta e as várias luzes de neon que me cegavam, olhei para o rosto de um total estranho enquanto eu lhe dava um sorriso amarelo. Nossa! Eu tinha mesmo beijado essa pessoa? Quatro doses de tequila eram o suficiente para isso? Eu tive ainda mais certeza, enquanto virava em um gole só o restinho do meu refrigerante de laranja, de que eu não queria alguém que preenchesse apenas a minha boca com sua língua desengonçada. Eu precisava de alguém que me completasse por inteiro. Alguém que tocasse o meu intimo, sabe? Que acariciasse aquela menina frágil que toda mulher madura tem por dentro, lá no fundo! Só encher minha boca por encher eu mesma a entupiria de comida. Batata frita, talvez, ou paçoca. Não, não! Eu precisava de alguém que tocasse os meus lábios, mas que ao mesmo tempo transbordasse a minha alma e o meu coração. Alguém que fizesse da minha felicidade o seu gozo, e que me proporcionasse prazer em qualquer esquina.

Todo fim trás um novo começo, isso é um fato e com você eu aprendi um monte de coisas. Mas tem algumas pessoas que não aprendem e você não aprendeu que pessoas iguais a você existem um monte, mas pessoas que querem fazer diferente você não vai encontrar de novo na fila do bar. Aprendi com você que não tenho muito peito e nada de bunda, mas que tenho um coração de ouro e uma paciência enorme. Que não sei me maquiar direito, mas que escrevo ótimos textos e um rostinho bonito pode ate alimentar o seu ego, mas as minhas palavras alimentam a alma de quem merece. Você fez promessas com juras carregadas de vazio, com olhares que não brilhavam, mas eu quis fingir que nada enxergava. Achar pessoas assim é fácil, achar alguém com paciência para sua montanha russa, nem se você fechar um parque. Foi divertido? Usar e descartar? Não tem importância, pois eu vou me reciclar bonitinha agora. Longe, bem longe de você onde seu veneno doce não pode me atingir. Aí eu fico aqui, com o olhar longe, tentando lembrar os nossos momentos bons com saudade, mas não existe saudade. A verdade é que o que existe em mim é a falsa ideia de estar apaixonada. Até achei estranho no começo, mas me livrei da culpa, joguei ela fora pelo ralo. Você nunca soube me tratar com uma mulher, nunca me fez sentir amada, segura ou desejada. E tem alguma importância? Nenhuma, pois você sempre jurava que não importava o que eu fazia, eu sempre estava errada. Então eu vou chorar pelo que? Não há nada, nada além da mágoa. Lembra toda vez que preocupei com você e você disse estar sufocada? Não tem problema, existe alguém nesse mundinho que vai te ver no chão, pisar um pouquinho mais em cima e você vai se sentir leve, libertada! Lembra quando você sumia e eu chorava? Não tem problema, sempre existe alguém que vai te mandar a merda porque você do lado dela não faz a menor diferença. Não é a dor da saudade que me derruba, é saber que eu fiz tudo e você transformou em nada. Mas o que vai volta, lembra? Eu sempre te disse isso, não é? Pois é, o que vai volta, mas quando a gente percebe isso não adianta.


Adoro ser aquariana. Principalmente gosto de ser impulsiva e rebelde! Mal vivi duas décadas e já acho que perdi tempo demais nessa vida por acreditar que podia deixar algo para depois, ou por falta de coragem! Agora o sistema é esse: Se eu quero busco por soluções, por mais mirabolantes que sejam. Se você não quer, vai me encher de desculpas, das mais variadas, tão malucas e sem sentido quando as minhas ''loucas'' alternativas! Pode me achar pirada, lunática, o que for! Pensa só: Quem te garantiu que o amanhã vai chegar? Quem te deu a certeza absoluta de que você vai acordar semana que vem, inteirinha, como você está agora? Que você não estará sem um pedaço na segunda ou que não perderá algo insubstituível na sexta? Eu aprendi, ou melhor, a vida me ensinou de forma amarga e dura (o suficiente para eu não querer pagar de novo o preço para ver) que o minuto seguinte é incerto! Que a maioria das oportunidades que deixei passar, por acreditar que tudo seria constante em minha vida, eu perdi. Perdi vários pores-do-sol, simplesmente porque acreditei que eu teria todos os dias, ou uma vida inteira, para assisti-lo. Mas o que a gente precisa entender é que até o pôr-do-sol hoje vai ser diferente do de amanhã! Eu entendi isso, mas só depois de perder muitos espetáculos, muitas pessoas, muitos sorrisos e muitas histórias. Pelo simples fato de me controlar demais, pensar demais e arriscar de menos. Os momentos são únicos, oportunidades são raras, por mais simples e bobos que pareçam. E dizem as más línguas que arrependimento mata!


Ouvi pessoas das mais aleatórias dizer durante toda minha vida que eu deveria ter paciência. Que dezoito anos não era idade suficiente para ser adulta, ou madura, e que um mês era pouco demais para amar. Que com apenas dez reais no bolso não existiria felicidade em um final de semana e que eu não poderia me apaixonar no primeiro encontro. Que eu era muito nova para ter tantos medos e que uma criança era muito pequena para ter depressão ou tamanha tristeza. Ouvi dizer que quando se é jovem não se é fiel, e que só se é bom de cama quando se tem idade e experiência o suficiente. Mas eu era/sou impulsiva demais, e não consigo viver na prática esse estilo de vida de: Esperar o tempo certo. Ouvi também alguns sujeitinhos dizerem que alguns opostos se repelem e que encontrou naquela pessoa ''tudo de bom que já existia dentro de mim''. Percebi, percorrendo alguns estados e países que se alguém gosta de rock ela irá procurar alguém em um show do Metallica, e que se alguém gosta de literatura, irá passar mais da metade da vida sentada em uma biblioteca esperando o príncipe ou a princesa encantada. As pessoas, principalmente os adultos, têm uma tendência a procurar o que lhe interessa apenas nos lugares que lhes agradam. Pois é, juntando toda essa vivência eu fui moldada a acreditar que eu deveria esperar, pois o amor me encontraria na hora certa e no lugar correto! Passei madrugadas em claro, dias e mais dias pensativa, tentando entender o mundo, as pessoas, as oportunidades e os amores. Tentando entender se a espera valia a pena, e então eu entendi! Entendi que perdemos tanto tempo esperando que uma hora o tempo não espera e ele passa. O tempo passa e o que não agarramos com unhas e dentes fica perdido no tempo, sobrando apenas o arrependimento. E eu entendi que eu não queria ser como os outros. Eu preferia me arrepender do que eu fiz do que me arrepender de não ter feito ou vivido o que eu queria. Conheci crianças maduras, e velhos sem bagagem nenhuma. Vi amigos recentes fazerem por mim o que meus velhos companheiros nunca fariam, e percebi mais amor em casais com meses, do que naqueles com anos. Números são tão subjetivos!

Eu ainda não fiz trinta e não dei a volta ao mundo. Não tenho a maturidade de um senhor de 90 anos e nem a experiência de um guerreiro, mas acho que eu entendi também que o amor não se trata de sinônimos. Não se trata de compatibilidade ou igualdades. O amor é mais ou menos sobre se sentir completo pelas diferenças do outro, é se deixar ser preenchido pelo desconhecido, e é amar, ou aceitar, tudo o que você não ama.
Quebras cabeças realmente não se completam com peças iguais. Quem diria... O amor é sobre antônimos e diferenças.


Hoje é um daqueles dias que eu só precisava de alguém do meu lado, mas todos sumiram. Hoje é um daqueles dias que está ventando muito e eu estou com medo. Hoje é um daqueles dias que meu coração está pequenininho, quebrado no peito. Hoje é um daqueles dias que eu perdi a fé na humanidade. Hoje é um daqueles dias que eu preciso, mas nada tenho. Preciso do simples, preciso do complexo, mas fico aqui, sozinha, dando meu jeito. Hoje é um daqueles dias que preciso que venham, porque não tenho força de ir a lugar algum. É um daqueles dias que percebo que me dei demais e não recebi troco nenhum de volta. É um daqueles dias que acho o amor uma coisa idiota, tenho ódio de tudo, mas o que eu precisava era simples: Carinho, sorvete e colo. Seria a combinação perfeita para tirar de mim esse gosto ruim, essa sensação de amargo. É um daqueles dias que passei tremendo, de tanto segurar o choro, mas ninguém quer saber disso. É... Preciso parar de ser dramática, preciso parar de querer me encontrar nos outros e preciso parar de procurar em qualquer rosto, em qualquer sombra algo que me tire da realidade e me faça esquecer toda essa tristeza. OK. Hoje é um daqueles dias que me ganha quem vier correndo e me disser que não importa a chuva, não importa o vento, não importa o tempo, estará ali do meu lado não importa o que aconteça. Hoje é um daqueles dias que quero alguém que não me diga uma palavra, mas que me faça sentir tudo com o silêncio.

Hoje é um daqueles dias em que eu estou de liquidação na prateleira da vida. Não é preciso muito dinheiro se souberem me levar com os detalhes. 


Às vezes eu fico me perguntando durante a madrugada, calada e sozinha, se todo mundo quando deita na cama fica fantasiando até pegar no sono que algo vai aparecer no dia seguinte e mudar toda a sua vida. Se vai acontecer algo que vai tirar o seu fôlego e te arrancar dessa monotonia solitária e viciante que é o dia-a-dia. Eu me pergunto quem estará, assim como eu, sonhando com uma vida melhor, ou com um dia em que será tudo diferente. Quantas pessoas suspiram tristes e sufocadas depois de rolar na cama por horas, sabendo que amanhã será um novo dia igual a todos os outros: Você acorda, passa horas trancada em um trabalho que você não gosta, come qualquer porcaria na rua, chega, toma banho, fuça o Facebook tentando encontrar algo na vida de alguém que seja mais interessante que a sua e depois dorme. Dorme naquela esperança secreta de que amanhã seja realmente um OUTRO dia.

Estou aqui deitada, está frio, estou com saudade e com fome. Mas nem é tanta fome de comida, até porque a geladeira está abarrotada. Estou com fome de você e esse é um tipo de fome que sanduíche triplo nenhum mata. Arroz e feijão nenhum supre. É uma fome estranha. Estranha porque ela alimenta a minha saudade. Tenho fome de lembranças. Das lembranças que, por estar deitada nessa cama, não estou criando com você. E eu me confundo com esse jogo de ‘‘ Lembrar, criar e imaginar memórias'', e fico perdida entre o que eu, de fato, me lembro e o que minha mente extrapola. 
A gente poderia andar pela calçada de mãos dadas com aquela chuva pesada caindo, mas ainda sim, continuaríamos cheias de risadas. Talvez você alimentasse algumas pombinhas em um dia ensolarado enquanto eu observava de boca aberta como você fica linda vestindo essa camiseta velha com alguns rasgados. De noite enquanto preparássemos o jantar você sorriria para mim orgulhosa, tanto quanto eu, pela minha proeza de ter finalmente conseguido descascar uma batata. E talvez, nesse momento, você se re-apaixonasse por mim e eu por você, esquecendo a briga horrível que tivemos no final da tarde. Você me perguntaria de noite, deitada e de olhos fechados, porque eu não vou dormir em vez de ficar te olhando. E eu te diria ‘‘Querida, você não entenderia. ’’ Mas o meu coração entende. Ele sabe que cada sorriso seu é único. Meus olhos famintos não perderiam isso por nenhum instante, nem por um segundo! Porque talvez no próximo sorriso a curvinha do seu rosto se forme de modo diferente. E eu teria medo. Medo de não me saciar suficientemente de você e acabar morrendo de saudade ou com muita fome. Pois é, mas aqui estou com frio e deitada sozinha. Sem você, sem sanduíche triplo e sem nada para matar o que me consome.
Não faço esse texto na intenção de lhe jogar indiretas, muito menos na intenção de lhe deixar confusa. De confusa já basta eu sem saber distinguir entre o que foi realidade o que eu fantasiei. Talvez essas palavras nem te toquem ou talvez as rimas não estejam perfeitas. Acho que a gramática está totalmente incorreta. Mas não tem problema! Faço esse texto porque necessito que você saiba que penso na gente. Que, na verdade, penso na gente com muita freqüência. Que sonho com você na madruga e fantasio conosco mesmo quando de mim você nem lembra.

Estou triste. Triste com as pessoas e triste com a vida. Chateada com essa premissa (esquisita) de que não podemos ter tudo o que queremos. É sorte no jogo ou azar no amor. Sucesso na vida profissional ou na pessoal. Conforto e comodidade ou liberdade. Bem me quer ou mal me quer. Cara ou coroa. Mas eu sou dessas que acredita que é nas dificuldades que a gente mais cresce. É suando que mais se aperfeiçoa. É durante essas escolhas que aprendemos o valor de cada coisa. É chorando que ficamos mais forte e é sendo enganado que nos tornamos mais espertos. É com as decepções que aprendemos a sacudir a poeira, obrigados pela vida a seguir em frente. Decidi tentar. Tentar e lutar! Decidi fazer valer a pena e parar de esperar uma galinha dos outros. E se nada der certo, ou se nada valer a pena, pelo menos valeu a tentativa e valeu a experiência. Ainda estou triste, mas acabei de me lembrar que eu só aprendi a andar de bicicleta depois de cair várias vezes e de ralar a canela.

Ando sentindo uma saudade. Na maioria do tempo do que nunca foi, mas eu queria que pudesse ser ou que tivesse acontecido. Sinto falta daquele sentimento que não senti, daquele momento que não vivi, daquele sonho que não sonhei e daquele suspiro que não suspirei. Sinto falta de você que tinha tudo para ser o alguém, mas escolheu ser mais um ninguém na minha vida. Sinto falta de você que nunca vi o rosto e nem conheci. Sinto falta das ruas que não andei, dos ares que não senti e do rio onde não me banhei. Sinto falta do carinho que não recebi, do rosto bonito que não toquei, da mão no meu corpo que não senti e do eu te amo que não escutei. Sinto falta de mim na madrugada, falta dos meus sorrisos sinceros, mas agora tão passageiros. Sinto falta de me sentir jovem e bonita quando me olhava na frente do espelho, sinto falta da parte boa em mim que era ou é você. Não sei..

Jessy M

03.03.12

Oi mãe, ainda nem nasceu o dia, está tudo muito escuro, mas é que eu não consigo dormir direito. Crescer dói, sabia? Pois é, eu ando descobrindo isso a cada dia. Mãe, eu tenho tantas dúvidas, mas a senhora está tão longe e eu me sinto tão criança ainda. Porque a louça nunca fica limpa como quando a senhora lava, não importa o quanto eu esfrego ou o quanto coloco detergente na bucha? Porque a minha toalha não fica sempre com aquele cheirinho gostoso de amaciante? Pois agora ela sempre tem um cheiro estranho, não importa o quanto eu esfregue, bato no tanque ou lave. Minhas roupas, às vezes, ficam meio duras, constantemente amarrotadas e nem de longe ficam tão cheirosas como quando a senhora lavava. Por quê? Eu não entendo! Eu ainda acordo com medo e não importa com quem eu divido quarto, não é a mesma sensação de segurança que eu tinha antes, só de saber que a senhora estava lá me velando, mesmo 'distante', lá do seu quarto. Bons tempos quando a maior distância entre eu e você era medida em metros ou cômodos e não quilômetros. Mãe, porque tudo é caro agora que sou eu quem pago minhas contas, ou será que a culpa disso tudo é da inflação e do governo? E principalmente, mãe, porque tudo é tão mais difícil agora que eu não te tenho tão por perto? Agora nos finais de semana, em vez de escutar você gritando, reclamando que não tinha tempo para nada, pois tinha que cuidar da casa, sou eu quem, calada e cansada, lavo o banheiro. Sou eu quem descongela a geladeira, quem faz uma gororoba horrível que eu insisto em chamar de comida, e sou eu quem fica descabelada em frente ao tanque lavando meu tênis e minhas roupas. Bons tempos quando eu tinha o fim de semana inteiro para sair, ir à balada, ou fingir que jogava futebol em um sábado à tarde qualquer. Bom o tempo em que eu tinha a senhora por perto. Porque, mãe, eu já atravessei oceanos, cruzei fronteiras de alguns países, em tão pouco tempo conheci outros tantos estados brasileiros e já vi as coisas mais tristes e lindas em cada canto dessa terra. Fiz amigos dos mais diversos, e por mais que os novos amigos nunca substituam os velhos, pois pessoas são insubstituíveis, eles quase amenizam a saudade que eu sinto dos antigos companheiros. Mas mãe, ainda sim, em nenhum lugar e em nenhum momento, eu encontrei alguém tão única, tão singela, ou com um sorriso tão grande, que quase amenizasse a falta que eu sinto da senhora ou que eu pudesse chamar, verdadeiramente, de MÃE.